segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Cap. 4 - Leon


Eu estava a esperando na sala e como um bom cavalheiro me levantei quando ela entrou. Não tinha idéia que o pai dela ia deixá-la vir a minha casa. Ela chegou sorridente e perguntou:

-O trabalho é sobre o que?

-Ciências, estrutura óssea! –Disse indicando o sofá e abrindo a caixa que estava sobre a mesa de centro ao me sentar junto com ela.

-Ossos? –Ela pergunta surpresa vendo o conteúdo da caixa.

-Não... –Ela me olhou surpresa enquanto eu pegava um osso na caixa sorrindo. –é sobre como você usa um osso... –Ela sorriu distraída, então completei a frase pegando-a de surpresa. –Para fazer cócegas! –Tentei fazer cócegas nela. Depois de rirmos pegamos os ossos para começar o trabalho. Íamos construir um esqueleto.

-Eu não faço a mínima idéia de como construir isso. –Disse ela indo de encontro à caixa.

-É fácil... –Disse. Ela pega epífise que já estava montada e a balança de um lado pra o outro.

-O que é isso? –Me aproxime e tirei os ossos dela tocando sua palma.

-É a epífise. Musculatura do braço... –Disse olhando em seus olhos.

-Sim. –Ela cora um pouco e eu me aproximo lentamente.

-Ela tem varias utilidades. –Toquei de leve seu rosto fazendo-a recuar rapidamente e tropeçar

na caixa de ossos caindo.

-Me, me de... desculpe. –Disse ela se levantando.

-Sim. Não! Você me desculpe. – Tentei ser simpático. Por que ela não se parecia com as garotas dos EUA. Já teria com certeza dado pelo menos uns beijinhos em uma delas...

-Ok! –Ela cata alguns ossos que caíram.

-Senhor Leon, trouxe bolo russo e suco de abobora! –Dora chegou com uma bandeja com alguns pedaços de bolo e dois copos de um suco com cara estranha.

-Abobora? –Perguntei assustado. Tanta coisa pra se fazer suco e tinha que ser abobora?!

-Amo suco de abobora! –Sarín disse bebendo quase metade do copo de uma só vez. Engoli em seco.

-Não tem coca-cola? –Fiz carinha de pidão, Dona Dora tentou me alertar com os olhos mais era tarde demais. Sarín fez uma cara meio assustada e interrogativa.

-Meu pai não me deixa beber refrigerante. Diz que é tudo parte dos nossos inimigos! –Que mancada!

-Claro! Parte dos nossos inimigos, eu só estava brincando. Também não bebo refrigerante. –Fiz cara de nojo e encarei o suco.

-Esta uma delicia! Faz tempo que eu não bebo um suco tão bom! –Diz ela sorrindo. Não deixei de olhar o liquido avermelhado quase vomitando.

-Prefiro coca. - Sussurrei.

-Disse algo? –Ela pergunta.

-Não. –Sorri enquanto experimentava o bolo. Pelo jeito eu ia emagrecer uns 10 quilos ou mais.

Esperei que ela se alimentasse e esquecesse-se do que tinha acontecido para “conversar”. Começamos a montar o “osso mix” e quando estávamos acabando puxei conversa.

-E ai? O que você acha dos EUA? –Essa era a única pergunta que eu tinha na cabeça.

-Eu queria visitar, mas meu pai diz que são nossos piores inimigos e que só devemos visitá-los pra colocar bombas atômicas... –Não pude evitar a expressão de surpresa.

-Colocar... Bombas?

-É.

-Nos EUA?

-É.

-E... Seu pai sabe como vai fazer isso?

-Alguma coisa sobre mandar ogivas nucleares para Cuba. –Ela diz distraindo-se colocando a mandíbula no lugar, assim finalizando o esqueleto.

-Serio?

-É. Ele não sabe que eu sei... É um segredo de estado. Nosso segredo. –Ela cora ao perceber o que disse.

-Certo. –A campainha toca e nós nos levantamos. –Acho que seu pai chegou Sarín.

-Ah... Ok. –Ela sorri docemente. –Até segunda.

-Até. –Eu disse enquanto ela saia pela porta da sala. Quando tive certeza que ela tinha saído joguei o esqueleto no chão. –Essa porcaria estragou tudo!

Ajeitei o esqueleto, que ela batizou de “osso mix” e fui dormir. Quando estava adormecendo me lembrei que no dia seguinte teria que escutar toda abobrinha da CIA. Quase me matei naquela noite, até que seria fácil já que meu pai me confiava mais de 15 armas, mas eu tinha um dever a cumprir. E esse dever era o primeiro (e provavelmente o único) que eu queria cumprir. Finalmente dormi.

__//__

-Você o que?! –Gritou Jane batendo na mesa com as duas mãos.

-Não deu certo, não consegui beijá-la... –Repeti.

-Leon! Ou melhor, agente Daniel! As garotas daqui não são assim! Não pode chegar chegando! É ótimo que tenha descoberto sobre as bombas... –Ela olhou pro meu pai que estava ao telefone.

-Já estou mandando o recado. -Ela fez sinal positivo com a cabeça e continuou.

-VOCÊ!-Disse apontando pra mim. –Você deve ser romântico! –Essa definitivamente não era uma palavra do meu dicionário.

-Olha, faz assim... –Jane continuou explicando seu plano, do qual não entendi uma palavra. No final ela chamou sua irmã, Kate. –Kate, você vai ajudá-lo nessa.

-Legal! –Diz Kate que sorriu e se sentou.

Passei o resto da tarde estudando com Kate como falar sobre amor. TÉDIO! Amor realmente não é uma palavra que combine comigo. Aliás, nunca combinou. Já a ouvi varias vezes nas palavras de Shakespeare em Romeu e Julieta, Hamlet e nos quadros de Monet, mas isso não é algo que se introduza na cabeça, não é só querer, não dá pra sentir do nada!

Para mim Sarín não era nada além de um meio de ganhar informações governamentais. Mais nada, não tinha valor.

Sai de carro com meu pai, Jane e Kate.

-Agente quase não se fala... - tentou Kate.

-Não gosto de falar! –Corte, mas acho que seria melhor continuar falando com Kate já que meu pai começou a falar.

-Nós precisamos de mais informações, Leon! Precisamos de mais!

-E a única forma de conseguir é por você! –Concluiu Jane e olhou para meu pai sorrindo e virando o rosto logo após.

-E sobre aquele “bicha” do Still? –Perguntei sem interesse na resposta.

-Resolva! –Ele respondeu serio e parou o carro virando-se pra trás. –Hoje é sábado, vá passear com a Kate que eu e Jane temos que ir resolver algumas coisas no escritório. –Até parece que eles iam pro escritório! E desde quando eu tinha graduação em babá?!

-Mesmo que a Sarin seja apenas um plano, ou um jogo, você gosta dela né?! –Perguntou Kate virando o rosto, corada.

-Não! –Respondi serio.

-Ah... –Suas palavras ficaram vagas no ar.

-Por quê? –Perguntei ainda sem interesse.

-É que... Bem, eu... Eu conheço uma garota da nossa sala que gosta de você. –Mais uma? Isso é porque eu acabei de chegar ao país. To frito, se bem que com os lindos é assim...

-Quem é? –Perguntei agora um pouco mais interessado.

-Prometi que não contaria. Não agora...

-Ok! Vou andar por ai... Agente se vê depois. –Voltei ao desinteresse.

- Agente se vê. –Respondeu ela afastando-se.

Os prédios daquele lugar estavam uma ruína, a pracinha parecia o único lugar colorido por ali então me sentei num balanço que fazia um barulho escandaloso. Como executar o plano? Como ser mais “romântico”?

-Olá!–Ouvi alguém dizer, mas estava muito distraído para responder. –É você Leon?- Me virei, era Sarin! O que ela fazia ali? –Posso me sentar? –Perguntou.

-Sim! –Respondi surpreso.

-Papai ta inaugurando a nova indústria de base. –Disse ela sorrindo.

-AH...

-Por isso os guardas a 10 metros de distancia.

-Nossa! –Disse Esperando que os guardas não me reconhecessem.

-O seu pai faz o que? –Ela perguntou.

-Ele é gerente da 1ª indústria de base. –Menti.

-Hmm. Legal. –Ela sorri e olha para o céu nublado. –O inverno está chegando... Vou ver se papai deixa você e Still passarem a 1ª temporada lá em casa. –Ela continua a sorrir pra mim docemente.

-Ok! –Digo. O silencio volta a tona. Eu me arrependo amargamente dos meus sentimentos grosseiros e idiotas para com Sarin. Me arrependi de tudo.

Um trovão corta o céu.

-Será que alguém morreu? –Ela pergunta olhando onde o trovão passou.

-Ãhn? –pergunto.

-Mamãe diz que quando o tempo está assim e um trovão corta o céu é porque alguém importante morreu, e que se a pessoa for pura choverá, pois são suas lagrimas demonstrando seu amor para com o mundo. –Fiquei admirado com o que ela disse e tentei não parecer perplexo. Ela sorri e uma lagrima escorre de seus olhos, ela a limpa rapidamente.

-Algum problema? –Pergunto.

-Não. Posso te mostrar um lugar? –ela pergunta levantando-se.

-Claro. –Digo e levanto-me. Ela me diz pra esperar e vai falar com os guardas, depois ela veio ao meu encontro.

-Vamos! –Ela sorri e segura minha mão puxando-me pra dentro do bosque.
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