terça-feira, 24 de novembro de 2009

Cap 14 - Leon

1 semana depois...

-Pronto pro "Fallen day"? -Perguntou Kate fechando o cadarço da bota. Fiz que sim ajeitando o terno que parecia pertencer a meu avô.

Saímos de casa e eu liguei o carro da Jane, acelerando. O plano começava. Deixei Kate na casa de Sarin.

-Você sabe o que fazer. -Disse pra ela que apenas piscou e saiu. Respirei fundo e entreguei a ela a bolsa que estava no banco de trás.

-OK. OK. Não faça besteiras! -Disse ela se debruçando na janela do carro. Revirei os olhos e ela se afastou sorrindo. Voltei a acelerar o carro na direção da igreja onde aconteceria o casamento. Ainda não tinha ninguém lá.

-Veio muito cedo, meu filho. -Disse o padre parando perto de mim. Ainda bem que ele era baixinho, parrudo, porem baixo.
-Não vim não, padre. Você me desculpa qualquer coisa? -Perguntei mexendo no dispositivo dentro do bolso.
-Claro. Mas o que? -Antes de lhe responder, dei-lhe um chute e um soco fazendo-o desmaiar.

-Tudo pelo amor! -Disse enquanto escondia o padre no confessionário. Peguei uma batina na sacristia e pus o bigode, as sombrancelhas grossas, a barba e as lentes de contato negras. Por último esfarinhei um produto no cabelo que me deixou meio grisalho. Olhei no espelho e quase cai no chão com o susto! Cara que coisa horrível! OK. Hora de treinar o sotaque. Tentei varias vozes diferentes. Cada coisa mais bizarra que as outras. Quando em fim consegui percebi que a igreja já estava se enchendo. Kate ainda não tinha chegado, o que me preocupou. Esse plano tinha que dar certo.
Depois de alguns minutos vi a família de Sarin se acomodando no 1º banco da igreja, o pai a esperava na porta e Still já estava no altar.

-Sabe, hã, padre. Dei o que você, hã, pediu. Sarin está lá fora. Contei o plano... Ela concordou. Ela está deslumbrante! -Disse Kate e saiu logo em seguida. Sorri. Tudo estava dando certo.

Eu fui pra trás do altar e todos ficaram de pé pra receber a Srª Guerguiev que entrava de braços dados com o futuro-ex-sogro da Sarin, logo depois Sarin entra de braços dados com o pai e se inicia a marcha nupcial. Kate tinha razão, ela estava linda, o vestido branco logo tinha mangas longas e finas e o busto cravejado com pequenas pedras brilhantes, o véu se arrastava por quase toda a extensão da igreja.

Ela veio pro altar em paços lentos e eu me perdi em seu andar suave, ela chegou ao altar e todos se sentaram, tive de começar a cerimônia, o problema é que meu sotaque russo era o mais estranho possível e eu não sabia fazer um casamento! Com certeza eu ia pular a parte do beijo! ECA!

Todos me olhavam esperando que eu falasse algo. Será que ninguém podia me dar uma cola?

-Uhum... Em nome do pai, do filho e do espírito santo! -Disse com a voz mais estridente que consegui.

-Amem! -Responderam todos em russo. Tá tenho que enrolar apenas por 10 minutos.

-Estamos aqui reunidos nesse milagre de casamento, reunindo dois seres com olhos, nariz e boca na presença Deus pai todo poderoso! Nosso senhor que salva! SALVA!!! Digam amem que ele salva! -Disse em russo quase rindo.

-Amem! Amem!Disseram todos, um olhando pro outro.

-É por isso que eu reúno um casal assim! Mas antes precisamos discutir algumas questões. Todos começaram a se entreolhar sem entender nada. Respirei fundo e continuei. -Será que você vai aguentar sua mulher por todos os longos anos da sua vida, meu filho?! Saiba que você pode escolher e se tornar um padre! É pode sim!

-Dá pra ir direto a parte do aceito? -Perguntou Still com raiva.

-OK. OK. Antes que quero dizer que Deus cuida dos olhos, se não for assim você fica cego!

-Vamos logo! -Disse ele impaciente.

-OK. OK. -Vi o pai da Sarin meio tonto no altar. Ótimo, na hora exata! -Eu só queria dizer que... -Arranquei a barba, o bigode, sombrancelha e as roupas de padre. -Estou aqui pra roubar a minha esposa de olhos, nariz e boca! -Pulei o altar ainda tirando a batina e as lentes e puxei Sarin pelo pulso, colocando-a no colo e correndo. Eu parecia um macaco roubando banana...


Não! Lógico que Sarin não era uma banana... Ela podia ser uma pêra, uma maçã, uma uva... Tantas frutas e eu digo logo banana! Enquanto eu tinha uma discução particular sinto algo quente no meu rosto. Sarin tinha me dado um tapa.
-Por que? -O que?! Ela esta reclamando por eu salva-la?! Essa eu não entendi... -Por que demorou tanto? -Completou ela chorando e me abraçando pelo pescoço. Sorri. Que frota era tão agarrada a seu dono? -Leon... Quer dizer... Daniel, para onde estamos indo?
-Pra nossa nova casa nos EUA senhorita fruta, quer dizer Sarin! -Ela riu.
-Sim senhor macaco! O seu desejo é uma ordem! -Sorri maliciosamente.
-Esse não é o meu desejo senhora Longbutton, o meu desejo é...
-Não! Não! Não! Vou ficar vermelha... -Disse ela escondendo o rosto no meu ombro.
Alguns metros a frente numa pequena estrada estava o carro da Jane com Kate já no banco de motorista. Entramos e a viagem até o aeroporto foi rápida e tranquila. No avião Jane e meu pai já nos esperavam.
-Sarin. Esse é Jonh, meu pai, e essa é Jane. -Ela sorriu cumprimentando-os.

-Você conseguiu o que queria Daniel. -Disse meu pai em inglês abraçando Jane pela cintura.
-E você também... -Disse mantendo o dialogo em inglês e olhando pra Jane.
-Eu consigo tudo garoto! -Disse ela maliciosamente puxando meu pai pela mão até as poltronas.
-Ainda nem acredito... -Murmurou Sarin pra mim em russo.
-Nem eu Sarin! -Respondi também em russo e lhe beijei.
-Oh, the love. -Disse meu pai brincando.
-O que ele disse? -Perguntou Sarin.
-Bem... Ele disse "o amor"... -Respondi em russo.
-Diz pra ele que eu te amo mais que tudo! -Disse Sarin vermelha. Sorri e fiz menção de passar pra inglês o que ela falou, mas ao invés disso eu disse apenas um "você entendeu" em inglês, ele riu e ficou tudo certo. Assim começava nossa nova jornada nos EUA. De volta a casa...

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