domingo, 22 de novembro de 2009

cap 8 - Leon


Deitei na minha cama sorrindo, não porque consegui fazer o que Jane queria, mas sim porque... A sei lá!

-Senhor Leon, quer que eu traga o seu jantar? -Perguntou Dona Dora batendo na porta.

-Não, estou sem fome. -Disse levantando-me.

Eu realmente não tinha nada pra fazer, então liguei o radio e comecei a escutar alguma música em russo, a qual eu não fazia idéia de quem cantava. Abri a janela buscando algo que eu nem sabia o que era.

Quando em fim perdido no tédio meus pensamentos se voltaram pra Sarin. Eu tentei pensar em outra coisa, mas meus pensamentos sempre voltavam a Sarin. O que ela devia estar fazendo? Será que percebeu quando eu sai? Em que ela devia estar pensando?

Observando a rua pela janela vi Kate saindo do carro de Krisher e logo após o carro dele partir meu pai e Jane chegaram. Isso com certeza não significava boa coisa. Fechei a janela e andei entediado até a sala sentando-me no sofá. Eles entraram e meu pai foi direto ao assunto.

-Leon, não temos boas noticias. -Disse ele servindo-se de vinho tinto.

-Diz! -Falei ainda entediado.

-É um novo serviço pra você. Eu não acho que vá conseguir, mas ela lhe foi designada.

-E... -disse eu fazendo-o respirar fundo.

-Você vai ter que entrar na casa do ministro Guerguiev e pegar a papelada sobre a bomba de Cuba. -Concluiu ele.

-Eu o que?! Vocês querem que eu roube?! -Disse levantando-me.

-Não é exatamente roubar. Só vamos pegar o que nos pertence. Cuba é dos EUA... -Disse Jane mordendo o lábio.

-Mas por que eu?! -Disse quase gritando.

-Porque você foi o escolhido!! -Kate parecia extremamente nervosa ao responder. Isso me soou mais como uma pergunta a Jane do que uma resposta a minha pergunta.

-Eu sou escolhido pra toda besteira que vocês querem fazer! -Disse indo pro meu quarto e batendo a porta. Que droga! Por que eu tinha que fazer tudo?! Por que não a Kate, ou a Jane?! Elas estão aqui a mais tempo e nunca soube de nada que elas tenham feito!
Agora eu tinha que... Roubar...

A noite havia chegado e eu não conseguia dormir, adivinha o por quê! Droga... Alguém bate à porta tirando-me de meus pensamentos.

-Cai fora! -Digo sem perguntar quem era. Não interessa, não quero falar com ninguém.

-Daniel, sou eu.

-A, oi pai! Cai fora, pai!

-Daniel! -Diz ele abrindo a porta sem a menor vontade de discutir. Sentei-me na cama. Ele podia não querer discutir, mas eu com certeza iria precisar de um bom motivo pra aceitar esse roubo.

-O que foi?! Veio tentar me convencer a roubar? Pensei que existisse uma norma de não roubar, lembra?!

-Daniel! -Ele aumentou o tom de voz me encarando. Olhei-o sem interesse, ele parecia apreensivo ao falar.

-Bem, não sei como começar... -Disse ele.

-Pelo começo?! -Disse ironicamente.

-Você tem de ser tão sarcástico? -Diz ele sentando-se em minha cama e massageando as têmporas.

-OK, OK... O que você quer?

-Daniel, você sabe que eu te amo...

-A pai! Esse papo meloso pra me convencer não...

-Cale a boca Daniel! -Disse ele me olhando feio e mexendo os dedos.

-Fala! -Disse já nervoso com sua reação.

-Espero que acima de tudo você não me leve a mal. -Ele me olhou e jogou tudo na minha cara. -Eu vou me separar da sua mãe.

-Você o que?! -Gritei enquanto ele se levantava e começava a andar de um lado para o outro.

-Isso mesmo. Vou me separar e depois me casar com Jane.

-A! Agora tá explicado! Tinha que ter aquela imbecil da Jane no meio! -Eu não entendia o por quê dele querer se separar da minha mãe. Ela era um amor de pessoa, sempre atenciosa e prestativa, nunca sequer pensou em traí-lo, confiava nele de olhos fechados e fazia de tudo por meu pai. Eu sempre senti ciúmes dele, e agora raiva, já que se separar dela era o mesmo que jogar todo o amor que minha mãe dedicou a ele no ralo. -Eu odeio aquela mulher!! Não acredito e não aceito que vá trocar minha mãe por aquele lixo!! -Levantei-me gritando, eu tinha muito mais a falar sobre Jane, mas meu pai me calou com um tapa no rosto.

-Não fale assim da Jane! -Disse ele, ou melhor, gritou ele. Eu não conseguia encará-lo nos olhos, por isso olhava a janela.

-Quer que eu fale o que? Que estou muito feliz por você jogar tudo na lama... Aliás, você, quer dizer você, já... -Não consegui terminar.

-Se eu já transei com ela? Sim! Algum problema? -Disse ele da forma mais natural possível.

-Estou vendo que não é só ela que é um lixo... -Disse com nojo e temendo outro tapa.

-Sim, Daniel. Eu sou um lixo, admito, por isso farei a missão por você. Sei que isso não irá amenizar o que está sentindo e nem a minha culpa, mas é o que eu posso fazer por você. Pelo menos assim esse lixo estará fazendo algo por seu filho. -Disse ele. Olhei-o perplexo enquanto tentava recuperar o fôlego.

-Pai...

-Daniel, você aceitaria ser padrinho do casamento do seu pai, por mais lixo que este seja?

-Pai, você está me fazendo ficar magoado pelo que disse... -Ele sorriu um pouco, suspirei. -Eu vou, mas ainda não engoli essa historia. Como vai se separar da mamãe?

-Calma, Daniel, tudo à seu tempo. -Disse ele fechando a cara. -Deixa eu ir que tenho uma missão à cumprir.

-Sério? -Disse surpreso.

-Um homem sempre cumpre suas promessas e seus ideais. -Disse saindo em seguida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Powered By Blogger