sexta-feira, 27 de novembro de 2009

cap 21 - Leon


Consegui chegar até a escada do jatinho puxando Sarin e disparando alguns tiros, 2 agentes nos deram cobertura até lá. Empurrei Sarin pra que ela subisse na minha frente e de mãos dadas a ela fui atrás. Kate e meu pai estavam um em cada ponta, Jane subiu atrás de nós na escada, protegendo nossa retaguarda e minha mãe ficou do lado da escada. A propósito, o que minha mãe estava fazendo ali?

-Jane! -Meu pai e Kate gritaram juntos, eu e Sarin olhamos pra trás a tempo de ver Marrie disparar contra nós. Foi como se tudo estivesse acontecendo em câmera lenta. O tiro. Kate e Sarin gritando. Minha mãe entrando na frente do tiro e caindo nos braços de Jane. Meu pai atirando em Marie que cai após ser atingida. Sarin me puxando pra dentro do jatinho. Tudo voltou a velocidade normal quando entrei no avião, porem a cena parecia distante.


Todos estávamos a salvo no avião que decolava. Minha mãe desacordada no chão sangrava muito, Kate e Jane tentavam fazer ressuscitação cardíaca e estancar o sangue. Meu pai pegava toalhas, agulhas, etc. E Sarin ficava a meu lado. Tudo escureceu.


-Ela... Está morta. Não há mais nada a fazer. Pegou no coração. -Não sei quem falou isso. Só sei que cai sentado em uma poltrona. Nem ao menos sei se perdi a consciencia. Tudo parecia muito longe, muito irreal. Meu pai levou o corpo de minha mãe para o fundo do avião, Jane cobriu-o após estancar o sangue, e Kate limpou o resto do sangue que tinha pingado pelo avião. Logo depois meu pai sentou-se a meu lado.


-Você está bem? -Não consegui responder. Apenas olhava o vazio. Ele suspirou e mediu minha pulsação. Só depois de algum tempo que me dei conta que Sarin estava a meio lado, chorando com a cabeça em meu ombro. Eu sabia o que estava acontecendo, mas os fatos não se organizavam no meu cérebro. Estava tudo muito distante.


Minha mãe tinha morrido? Ela nem devia estar ali! Era arquiteta, não agente secreta! Era pra ela estar em casa nos EUA! Não na Russia, no meio de uma guerra! Por que?! Ela que não tinha nada haver com isso! Minha mãe não podia estar morta! Não! Não era real! Não podia ser. Toda essa tristeza... Era um pesadelo. Só podia ser. Eu preferi me render ao mundo dos sonhos bons.


Nos meus sonhos a infância voltava a tona. Eu podia ver um garotinho quase loiro com os olhinhos azuis brincando num balanço de pneu com uma linda moça vestida de branco, a moça tinha cachos negros presos em um coque e os olhos azuis permaneciam fechados enquanto sorria empurrando a criança.


-Mãe! Mãe! Mais rápido! Vou tocar o céu!


-Há Há Há! Traga um pedaço de nuvem pra mim! -Divertia-se ela.


Depois uma cena mais próxima tomou meus sonhos...


A despedida


-Mãe! Eu não quero ir pra Russia! Não ligo pra essa droga de CIA!


-Filho... Vai dar tudo certo. É só por um ano.


-Mãe.


-Por favor... -Ele respirou fundo cruzando os braços e ela o abraçou sorrindo.



O reencontro



Revivi a cena de quando cheguei com Sarin no saguão do hotel em Vegas. O jeito como ela me abraçou.


-I missed you my Dan... -Foi o que ela disse.


-Missed you too mom... -Respondi.


A morte


Essa não! Essa cena eu não queria reviver. Não queria vê-la morrendo, vê-la sangrando... Tudo ficou escuro e uma última cena passou por minha mente antes do despertar... Uma que ficou nas lembranças mais profundas... Naqueles que nem mesmo sabia que tinha.


Vi a mãe cuidadosa ninar o filho na cama. Ela cantava sussurradamente uma doce melodia fazendo o pequeno dormir tranquilo.


Abrindo meus olhos para o presente vi Sarin inquieta a meu lado, as lágrimas a pouco haviam deixado a maquiagem borrada e o nariz e olhos vermelhos. A abracei mais fortemente.


-Durma meu amor. Vai ficar tudo bem. -Ela também me abraçou forte escondendo o rosto em meu ombro. Comecei a cantar em Russo a canção dos meus sonhos. Aquela que minha mãe cantava quando eu era pequeno:


"Durma meu anjo. Durma meu amor. Sonhe com um mundo melhor. Tenha paz a seu redor. Veja as estrelas e sinta a luz da Lua. Vou cuidar de você. Durma meu amor. Durma meu anjo."


-Durma, my little angel. -Ela adormeceu em meus braços e eu zelei por seus sonhos.


A lembrança de minha mãe ainda rondava minha memoria. Tudo parecia bem quando eu via outra vez seu rosto de ninfa. Minha mãe realmente nunca pareceu desse mundo. Ela parecia mais com aquelas ninfas de livros infantis. Aquelas boas que moravam numa floresta... Ou em alguma ilha deserta. Seus cachos negros caiam levemente pelos ombros e o rosto era quase angelical... Sim era isso. Eu preferia pensar que minha mãe tinha finalmente voltado ao mundo a que sempre pertenceu. O mundo dos sonhos bons... Onde tudo pode acontecer. Ela tinha voltado a ser a princesa que mora em um castelo encantado junto com as ninfas.


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