sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Cap 22 - Sarin



Tudo aconteceu rápido demais. A "morte" de Daniel, o meu casamento, Daniel me salvando do casamento, a briga entre a CIA e a KGB por minha causa, a morte de Emily. Se eu estou confusa, imagina como está a cabeça dele. Eu nunca imaginei perder minha mãe, mas se acontecesse comigo choraria durante um mês.



Queria me comunicar com Daniel, mas não sabia o que dizer. Eu nunca perdi minha mãe, ou meu pai (que mesmo sendo um idiota continuava a ser meu pai), não sabia o que dizer, nem como dizer.

O clima no avião estava péssimo. Ninguém falava nada. Kate observava alguma coisa invisível no céu, Jane abraçava os joelhos escondendo o rosto e Jonh a abraçava. Daniel olhava pra lugar nenhum, meio lúcido, meio dormindo, deixando poucas lágrimas escaparem. Eu me acomodava em seu abraço chorando por ele.

Chegando ao aeroporto fomos direto para o necrotério deixar Emily. O corpo só seria liberado para o enterro no dia seguinte. Voltamos ao carro e seguimos pra casa sem dizer palavra alguma. Daniel foi direto pro quarto e eu atrás dele.

-A culpa foi minha. -Disse quando ficamos a sós. Não sabia o que dizer, mas era isso o que sentia. Eu só queria que ele dissesse alguma coisa.


-Eu sei... Quer dizer... Não! Jamais. -Disse ele aproximando-se de mim e me olhando nos olhos. -Estou confuso, foi tudo muito rápido.

-Eu sei... Mas se você não tivesse ido me buscar...

-Eu teria cometido o maior erro da minha vida. -Sorri.

-Você deve querer ficar sozinho... -Disse indo em direção a porta.

-Pelo contrario. Preciso de você mais que tudo. Afinal, a culpa foi sua. -Disse ele tentando sorrir com a brincadeira. Nos deitamos e eu fiquei em seu colo enquanto ele acariciava meu cabelo. Acho que estava lembrando da mãe.

No dia seguinte, a tristeza pareceu maior. Todos, até mesmo Jane estavam chorando, seguimos tristes no carro até o local onde o corpo seria velado.

-A culpa foi minha. -Disse Jonh -Falei as coisas uma atrás da outra, o divorcio, meu casamento com Jane... -Daniel fez menção de interrompe-lo, mas eu fui mais rápida. a culpa era minha.

-Parem! Ela não iria gostar de vê-los chorando e se culpando pela morte dela. A Emily que conheci, mesmo que por pouco tempo, não gostava que ninguém sofresse, ela sorria mesmo magoada, apenas para que ninguém ficasse magoado também.

-Amor... -Tentou Daniel.

-Deixa eu falar! -Disse e ele se calou. -Pensem que agora ela está em um lugar melhor. E lembrem-se dela como ela era, sorridente, alegre, contagiante... -Todos abaixaram a cabeça tentando sorrir.


Chegando ao cemitério nada correu como eu tinha dito. Daniel desabou no choro. Acho que essa seria a 1ª e última vez que iria vê-lo chorar. Mas era até compreensivel, era a mãe dele que estava sendo velada naquela sala com velas brancas. O padre presidiu uma pequena missa e depois Jonh e uns outros homens que eu não conhecia levaram o caixão. Jonh não tinha deixado Daniel ajudar porque o médico o proibiu de fazer esforço, e descobri também que ele tinha fugido do hospital, mas isso não vem ao caso.



Eu podia ver que Daniel sofria por dentro. Sua respiração estava forçada, o corpo parecia pesar, e ele tinha os olhos opacos, quase sem vida, como se estivesse em outro mundo.


-Daniel... -Chamei-o só pra verificar se ainda estava lúcido.

-Eu. Estou. Bem. Só estou pensando. -Murmurou ele com um fiapo de voz que quase não saiu. Não acreditei muito naquela desculpa, mas...

-Estamos aqui reunidos em nome do senhor para rezar pela alma de Emily Longbutton, essa pessoa muito especial que partiu desta vida antes do esperado, deixando muita saudade no coração de seus entes queridos. Sabemos que ela estará bem onde ela estiver, estará feliz, sorrindo e olhando por nós. -Disse o pastor em inglês, pelo menos eu acho que foi isso... É como eu imagino que seja.


-Amen. -Responderam todos. A chuva começou fina e depois do enterro aumentou fazendo todos abrirem os guarda-chuvas. A grande maioria dos presentes já tinha falado com Daniel e Jonh e já haviam ido. Agora só eu e Daniel ficamos pra trás. Abracei Daniel, mantendo-o debaixo do guarda-chuva. Ele sorriu.


-Já volto. -Disse e correu na chuva até a sepultura da mãe, ajoelhou-se e depositou uma rosa vermelha sobre a terra úmida. Depois ele veio até mim me abraçando. -Vamos pra casa. Mamãe precisa descansar. - Achei a frase meio sarcástica, mas não ri.

Chegando em casa constatei que estávamos sozinhos. Fomos até o quarto onde ele me "jogou" no chão e começou a me beijar.



-Chão?



-É. -Disse ele sem parar os beijos.



-Beijo?


-O que houve? -Perguntou agora me olhando.


-Enjoo. -Disse empurrando-o e correndo pro banheiro.





Será que...

The end

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