quinta-feira, 26 de novembro de 2009

cap 18 - Sarin



-Daniel?! -Acordei com uma luz branca quase me cegando. Estaria eu no céu? Tentei levantar, mas derrubei uma mesinha com rémedios.


-Sarin, filha tudo bem? -Disse meu pai deitando-me. Eu estava bem. Só queria saber onde Daniel estava!



-Cadê o Daniel?





-Er... Vou avisar a alguém que você acordou.



-Cadê o Daniel?! -Gritei.




-Ok. Vem comigo. -Disse ele ajudando-me a levantar. Chegamos na frente de uma janela gigantesca que dava pra um quarto com uma cama no centro, na cama estava Daniel. Quase quebrei o vidro.




-Papai! Me diga que ele está dormindo!



-Filha....




-Não fale mais nada.




-Esse ali não é o Daniel.




-Você quer dizer que eu estava chorando por um cara que eu não conheço?



-É.


-Mas cadê o Daniel?!




-No CTI.




-CTI?! -Corri para aquele hospital. Eu sabia muito bem o que aquelas siglas significavam! Daniel estava muito, muito mau! A culpa foi minha, eu não devia ter soltado o volante! Que tipo de idiota eu sou?! Vi Jonh saindo de um quarto no CTI e entrei neste. Deitado na cama estava Daniel. Vários fios e tubos passavam por ele...



-Daniel, meu amor?!




-O...O...Oi... -Disse ele ainda fraco. -Comecei a chorar e me ajoelhei perto da cama com medo de esbarrar em alguma coisa.




-Você vai sair daqui Ok? Ai nós vamos fugir!




-Sa... Sarin... Não perca seu... tempo... comigo... Fique... Com... Still. -disse ele quase desmaiando.




-Não! Não vou te deixar! -Segurei com força a mão dele, e então ele desmaiou. Sem poder falar mais nada fiquei a seu lado por todo o tempo. Mais exatamente 3 dias.




-Sarin...?





-Oi. Levantei da cadeira e com cuidado me sentei ao lado dele na cama acariciando seus cabelos.





-Vo... Você já... Casou?





-Já disse pra parar de palhaçada! Eu sou casada com você!





-Não... é... Pa... lhaça...da... -Não sei se eu podia fazer isso, mas debrucei sobre ele e o beijei.





-Já disse que vou ficar com você seu bobo. -Ele suspirou e voltou a dormir.





Daniel tinha quebrado um braço, duas costelas e sofrido uma leve fratura na cabeça, eu tinha sofrido apenas algumas escoriações e torcido o punho, nada demais. Mas como o caso dele era "um pouco" mais grave que o meu fiquei mais de 1 semana no hospital com ele. Além de muita morfina ele teve de imobilizar o braço e o tórax e tinha alguns ferimentos pelo corpo e perna.


Ele ficava quase o tempo todo dormindo e depois fui saber que a causa era a morfina, cuja a qual foi colocada demais, o que acarretava em um risco de piorar seu estado de saúde já debilitado. Fiquei sabendo também que eu tive uma pequena hemorragia externa quando cheguei ao hospital enquanto a dele era interna, isso provavelmente ia fazê-lo entrar em coma. Fiquei com medo. Eu não queria perdê-lo.


Parei de ouvir as conversas entre Jonh, meu pai e os médicos e me concentrei em Daniel. Eu não podia acreditar que dali a algum tempo ele podia entrar em coma. Chorei só de pensar na possibilidade de perdê-lo, de vê-lo daquele jeito. Tudo era minha culpa! Eu me sentia uma completa idiota fugindo da verdade todo aquele tempo. A verdade. A última coisa que ele me pediu, a única coisa que ele me pediu. Ele queria que depois de sua morte eu me casa-se com Still.



-Sarin, posso falar com você?! -Disse meu pai entrando no quarto.



-Sim. -Disse indo com ele pra uma parte mais vazia do corredor. Ele respirou fundo, estava pálido e suava.



-Filha, Daniel está morrendo. Os médicos não conseguem controlar a hemorragia interna e já foi usada muita morfina. Eu não quero que você veja isso. E alem do mais, você tem que se alimentar. -Disse ele.



-Não estou com fome. -Tentei debater.



-Não se trata disso! Olhe pra você! Está magra feito osso! Não pode continuar assim, não pode continuar aqui. -Olhei para mim mesma. Estava magra, os cabelos bagunçados e possivelmente com olheiras gigantescas e pálida. Suspirei.



-OK. Vou com o senhor. -Murmurei. Ele suspirou de alivio.



-1º vamos comer. Depois que você arrumar suas malas vamos voltar para Russia. -Fiz que sim com a cabeça e segui com meu pai pra lanchonete. Comemos um lanche qualquer e partimos pra casa de Jonh.

Ao entrar vi Kate e Krisher se beijando perto da parede. Ela afastou-o e falou comigo.

-Desculpe, Sarin. Como está o Daniel?

-Indo. -Respondi rápido e subi. Agora tudo estava acabado. Peguei minhas roupas jogando-as de qualquer jeito na mala enquanto tentava segurar as lágrimas. No armário, agora, só estavam as roupas dele, foi ai que vi uma pequena caixa no chão do mesmo. Sentei no chão e abri-a. Dentro estava uma foto dele colada a minha. Separei-as agora sem segurar as lágrimas, rasguei as fotos em pedacinhos jogando-as no chão. Agora eu não conseguia mais abafar o choro. Fechei a mala com raiva enquanto Kate batia na porta.

-Sarin? Posso entrar? Sarin! -Taquei a mala da janela e olhei para porta. -Sarin! Abra ou eu vou arrombar.

-Não quero! -Disse e olhei para a janela. Era agora ou nunca. Corri e me joguei da janela.

Na certa eu morreria... Isso não seria tão ruim... Morrer... e... Me... encontrar... Com....
...
...Daniel

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