sexta-feira, 27 de novembro de 2009

cap 20 - Leon


Estava tudo tão escuro, eu não enxergava um palmo a minha frente, me sentia estranho, desconfortável, um barulho de água pingando me deixava irritado. Aos poucos consegui abrir os olhos. Claridade incomoda! Era tão diferente da escuridão onde me encontrava. Pisquei os olhos tentando enxergar um bolo de figuras falantes no canto daquela sala branca. Descobri que o barulho da água pingante era o soro ligado a meu braço direito. Tentei me mexer ao ouvir o som de uma voz estridente, irritada e conhecida. Kate parecia discutir com Jane e meu pai.


-Ela foi embora! Depois de tudo o que ele fez por ela! A Sarin o deixou sozinho pra morrer! Quem ela pensa que é... -Sarin... Kate estava zangada com a Sarin porque ela... Ela foi embora. Não! Não! Tentei levantar. Péssima ideia. Foi como se a gravidade pesasse uma tonelada. Meu corpo inteiro doeu.


-Sarin... -Era pra ser um grito, mas se pareceu com um sussurro. Foi o suficiente pra todos virem pra perto de mim. Todos, menos quem eu queria. Onde ela está?! Não conseguia dizer, não conseguia levantar. O monitor cardíaco esboçou a inquietude da minha mente.


-Calma filho... Calma... -Meu pai pôs as mãos em meus ombros fazendo-me permanecer deitado. Ele não iria dizer nada. Olhei para Kate nervoso. Ela olhou para Jane e se aproximou, segurou minha mão.


-Eu conto, mas você tem que ficar calmo. Se botarem mais remédio nesse troço você vai pro caixão.


-Kate! -Jane e meu pai a repreenderam. Eu respirei fundo e me acalmei um pouco. Ela suspirou.


-Conte... -Minha voz estava fazia, perdida.


-Ela foi pra Russia. -Disse Kate e foi interrompida por Jane.


-Pensou que estivesse morto. -As duas começaram a falar uma após a outra, como se discutissem.


-Vai se casar!


-Foi enganada!


-Foi idiota!


-Estava triste!


-Chega! Estão deixando-o agitado. -Silenciou-as meu pai antes que me deixassem louco. Pelo que eu entendi Sarin estava triste porque alguém disse pra ela que eu estava morto, então ela foi pra Russia se casar porque é idiota! Faz sentido. Não! Ela não pode se casar! Ela é minha esposa! Parei de respirar, meu cérebro estava a mil, meu coração acelerou.


-Calma. -Os três disseram juntos. Respirei fundo. Tentei comunicação através do olhar com Kate. Deu certo, mas a reação não foi a esperada.


-Nem pense nisso! Você vai ficar ai quietinho. Vai se recuperar!


-Please... -Tentei convencê-la, mas meu pai intercedeu por ela.


-Daniel! Não pode nem se mexer, quanto mais ir sequestrar a Sarin. -Droga! Ele tinha razão. Olhei para Kate com o canto dos olhos. Ela estava muito zangada. Virei o rosto pro lado e fingi dormir. Achei que todos haviam saído então abri os olhos encarando o dia escuro lá fora.


-O casamento é em 3 semanas. Se estiver bem o suficiente até lá eu ajudo você. -Disse Jane sorrindo a meu lado.


-Obrigado... -Tentei sorrir também.


___// Alguns dias depois //___


Era mais fácil bolar um plano com alguém que basicamente controlava a CIA. As únicas coisas que tive que fazer foi me recuperar e guardar segredo. Estava bastante frio e o casamento da Sarin seria no dia seguinte. Eu não usava mais nenhum aparelho e não sentia mais dores, mas segundo o médico eu não podia fazer muito esforço físico.


Jane invadiu meu quarto de madrugada e me jogou um sobretudo. Calcei o ténis escondido debaixo da cama e segui Jane pelos corredores do hospital enquanto ela me explicava o plano.


-O carro está te esperando na porta. O motorista vai te levar direto pro aeroporto, de lá para Russia, assim que desembarcar outro motorista vai te levar direto pra igreja. Os agentes da CIA estaram fazendo sua segurança, então se houver algum problema não se preocupe, apenas pegue Sarin e leve-a pro aeroporto. Os agentes cuidaram do resto. Alguma duvida? -Eu entrei no carro.


-Não. Jane! Obrigado. -Sorri e ela retribuiu. Assim que fechei a porta o carro arrancou rapidamente. No avião tinha uma calça cumprida e uma camisa de manga, pra eu não ficar com a roupa do hospital. Me troquei e esperei a aterrisagem.


Chegando na Russia fui direito pro carro que me levou a igreja. As portas estavam fechadas e dois agentes da CIA já esperavam para arrombá-la pra mim. Respirei fundo. Estava na hora.


-Sarin!! -Gritei, a porta foi arrombada na mesma hora em que corri pra lá. entrando assim na igreja. Todos olharam pra mim parado na porta inclusive ela que levou as mãos a boca e depois segurou a barra do vestido correndo para meus braços e chorando.


-Você... Eu... Pensei que estava morto! Daniel! -Ela me abraçava com força enquanto eu a segurava.


-Solte a minha filha agora! -Ops! Ela me soltou para encarar o pai.


-O senhor mentiu pra mim! Eu te odeio! -Os agentes da CIA de da KGB se movimentaram. Peguei Sarin pela mão e corri com ela pro santíssimo, já que a porta havia sido bloqueada. Pulamos pela janela e eu a segurei para que não caísse. Entramos no carro, que mais uma vez em alta velocidade correu para o aeroporto. No carro ela se deitou em meu ombro sorrindo.
-Eu fiquei com tanto medo. Pensei que não iria vê-lo nunca mais. -Sorri.


-Não vai ser tão fácil se livrar de mim, sua boba. -Disse beijando seus cabelos.


Chegando no aeroporto os agentes tanto da CIA quanto da KGB nos aguardavam.


-Que ótimo, temos uma comitiva! -Disse eu.


-O que? -Disse ela olhando para os agentes que lotavam a pista de pouso. -Daniel... Eu te amo! Mas... Isso tudo... Vai provocar uma guerra. Alguém pode morrer. Você...


-Shhh. -Pus dois dedos em seus lábios. Calando-a. -Não vou deixá-la. Nunca! -A beijei pegando a pistola debaixo do banco com uma mão e a mão dela com a outra corri com Sarin para o "campo de guerra" que tinha virado o aeroporto.

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